quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vampiros em guerra

Agosto chegou e o dia 13 se aproxima. É tempo de homem virar lobo, cachorro comer terra, maranhenses fincarem pé no Senado e, acima de tudo, vampiros levantarem de seus caixões e marcharem pela Avenida Paulista. Uma porção deles estará reunida ali, na Livraria Martins Fontes, quase na esquina com a Rua Brigadeiro Luiz Antônio, ao anoitecer do dia 13. O motivo é nobre, coisa de imortal letrado que curte literatura. Quando o carrilhão indicar sete badaladas, será lançado o livro Território V (Ed. Terracota), organizado pelo escritor paulistano Kizzy Ysatis. Todos os 19 contos que compõem o volume são inéditos e têm como tema "vampiros em guerra". Um deles, com o título Anjo da Guarda, foi escrito por mim.


Os vampiros estão na moda, todos sabem. A bem da verdade, faz pelo menos 200 anos que os vampiros estão na moda. Mas não é todo dia que essas fascinantes criaturas das trevas dão as caras nas listas dos livros mais vendidos e dos DVDs mais alugados, tampouco na grade de programação da TV a cabo, como tem acontecido em tempos de Crepúsculo e True Blood. Pois bem. E como fica a produção nacional sobre o tema? O que os ficcionistas brasileiros têm a acrescentar à hagiografia de Drácula e seus sucessores? Uma amostra dessa literatura vampírica poderá ser conferida por quem aceitar meu convite e vier ao lançamento, na próxima quinta-feira, das 19h às 21h30.

Dez dos contos incluídos na seleção foram escritos por autores convidados por Kizzy, como Flávia Muniz e Giulia Moon. Os outros 19 foram selecionados por ele entre centenas de textos que lhe foram enviados, de diversos cantos do país, numa espécie de concurso para eleger os melhores. Eu, que nunca havia publicado um conto e jamais escrevera algo sobre vampiros, entrei nessa por acaso, a convite do organizador.

Conheci Kizzy em 2002, quando o entrevistei para uma matéria publicada na ISTOÉ. Ele ainda não havia publicado nenhum livro na ocasião, nem havia raspado seus caninos para torná-los pontiagudos (sim, o rapaz possui presas assustadoras!). Mas já gostava de vestir roupas vitorianas, mergulhar em histórias de terror e sonetos românticos, e destilar o estranho hábito de visitar cemitérios para escrever e desenhar. Foi no Cemitério da Consolação que nos encontramos, ele de capa preta e lente de contato branca, eu de bloquinho e caneta nas mãos. Max G. Pinto fez a bela foto que ilustrou a reportagem, com Kizzy ao centro, empoleirado em uma tumba, ladeado pela irmã e por um amigo, ambos devidamente trajados de modo funesto. Anos depois, Kizzy publicou seu primeiro livro, Clube dos Imortais (Ed. Novo Século), e ganhou até prêmio com ele, o que me inspirou a retomar o assunto em nova reportagem, de 2006, recorrendo mais uma vez à mesma fonte. Dessa vez, Kizzy foi fotografado por Biô Barreira no estúdio da Editora Três, com um casal de amigos também entusiasta do tema. A imagem está reproduzida abaixo. Kizzy é o cara com a cartola.


Quando, no ano passado, ele me fez o convite para integrar a antologia, aceitei de pronto. Optei por levar meus vampiros ao semi-árido nordestino e narrar a batalha pela ótica de uma mulher, viúva, carente de perspectivas, que gasta suas noites ao balcão de uma birosca encravada na única rua que corta o vilarejo. Entreguei a Kizzy, por e-mail, uma história de amor, muito mais do que uma história de luta ou de medo. Mas quem ousaria afirmar que o amor não mete medo nem está na raiz de grandes disputas? Espero você na próxima quinta-feira, dia 13, quando o carrilhão indicar sete badaladas.

3 comentários:

  1. Maravilhoso! É o que posso dizer do seu conto que abre, com pompa e glória, nosso livro. Regionalismo, romantismo e sutileza. Com ele, os vampiros relembram os tempos de Diadorim. Parabéns e seja bem-vindo ao clube dos imortais. Num futuro lá longe, brindaremos com um chá, em nossas cadeiras, na seleta academia. Escreve isso e me cobre depois.

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  2. "Mas quem ousaria afirmar que o amor não mete medo nem está na raiz de grandes disputas?". Eu te odeio por isso também: escreve mal demais, né? Afe.
    Ok, vamos fazer as pazes que eu tenho um medo danado de vampiros (e seus adoradores).
    E não digo do livro porque não li. Mas recomendo o conto (que há uma década e meia você me enviou pedindo opinião). A mocinha morre no final. Tá, gente, mentira.

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  3. É verdade o que a Nath disse sobre o amor gerar disputa. Lembrei de um monte, até de Helena e aquele incidente em Tróia, lembra?

    Abraços

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