quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sinfonia da Reforma

(Título de ensaio fotográfico de Lalo de Almeida publicado na edição de fevereiro de Época São Paulo, com texto de Camilo Vannuchi)


O Teatro Municipal se transforma. Dentro e fora do prédio, é possível conferir o movimento dos artistas, concentrados nos ensaios desde julho de 2008. Nesta temporada, quem se apresenta ali são mais de 70 atores, todos eles com igual figurino: macacão e capacete.


É tempo de restaurar a fachada e os salões da mais antiga casa de espetáculos em atividade de São Paulo, inaugurada em 1911 e tombada em 1981.


Projetado por Ramos de Azevedo, o teatro preserva a imponência de um templo.


Em defesa do patrimônio, restauradores lapidam cada gesto com a gravidade que o cenário exige.


E o que eles encenam, com espátulas e pincéis, é mais que uma peça de Ibsen ou uma ária de Bizet. É o passado projetado no futuro.


Enquanto plainas e lixas substituem os violinos habituais, operários se esmeram na requalificação da casa.


Por ora envolto em pó, o prédio voltará remoçado ao roteiro da cidade.


Os nomes dos restauradores serão esquecidos. Mas o teatro permanecerá, altivo e elegante como sua instrumental arquitetura.

Um comentário:

  1. Ouvir neste ano uma música que cansei de ouvir no ano passado é vale transporte para o ano passado, e essa coisa me alegra o coração.

    Isso talvez faça de mim um nostálgico de carteirinha. Imagine então lembrar de tempos em que "nunca" estive, a fascinação duplica.

    Eu li sua matéria na Época São Paulo. Nele texto e imagem se expressam graciosamente em sintonia e sincronia também, como as melhores duplas de patinadores das Olimpíadas de Inverno.

    Como vai, querido Camilo Vannuchi? Criando em casa, imagino.

    Eu, por minha vez, ando fechado para reforma.

    Abraços saudosos.

    PS. Hoje porém fiquei bravo porque perdi o João Silvério Trevisan na TV Cultura. Depois tentarei reencontrá-lo na rede, por hora o relembro, aquele ali sim é um MESTRE. Me orgulho de fazer dele meu tutor. Ainda estou na rota infinita do aprendizado e na rotina imprevisível do fazer em conta gotas.

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