segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Domingo, 4 de outubro

O poeta está triste.


Tira a roupa, melancólico.

Veste o pijama, cabisbaixo.

Deita macambúzio.


Não há ninguém ali.


Solitário em sua cama,

pela primeira vez em tantos anos,

o poeta se encolhe.


No vazio do quarto,

em sua cama devoluta,

convida seus fantasmas

para virem deitar com ele.


Fantasma de poeta é bicho esquisito:

rouba todo o edredon,

acomoda-se em diagonal,

fala enquanto dorme...

chega a compor estrofes,

em versos metrificados,

entre um suspiro e outro.


Mas não ronca.


Cercado de fantasmas,

o poeta perde o sono.

De olhos mareados,

o poeta perde a calma,

Sozinho em sua cama,

o poeta perde a fé.


Levanta, sem fazer barulho,

fecha a porta em silêncio,

toma um copo d’água

e se estende no sofá.


O sofá também está vazio.

Repleto de fantasmas.

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