terça-feira, 5 de junho de 2012

Para o seu governo

Ando escrevendo muito sobre trabalho, eu sei. Vai ver que é porque tenho trabalhado muito. Ou porque tenho estado bastante satisfeito com nossas edições mais recentes. Ou todas as anteriores. A boa notícia é que entrei de férias e farei o possível para virar o disco (como a gente dizia no tempo dos bolachões). Mas enquanto isso não acontece, faço questão de compartilhar uma das edições de Época SÃO PAULO que mais me deixou satisfeito, e que está nas bancas nesta semana.


Antes de qualquer coisa, devo contar que há um esboço de metalinguagem camuflado nessa chamada de capa: trata-se da edição número 50 da revista (a quinquagésima de que participei), o que dá uma dinâmica algo brincalhona aos algarismos garrafais ali presentes. Para marcar a data e, ao mesmo tempo, dar a largada na nossa cobertura eleitoral da maneira que buscamos fazer em todas as matérias – embalando as reportagens numa pegada editorial que procura ser sempre útil, instigante e envolvente – perfilamos todos os 13 pré-candidatos anunciados até o momento e recorremos a paulistanos de diferentes áreas, idades e profissões para reunir um dossiê com 50 sugestões para o próximo mandatário. Gente como o arquiteto Ruy Ohtake, a urbanista Raquel Rolnik, os jornalistas Eugênio Bucci e Juca Kfouri, os escritores Walcyr Carrasco e Ignácio de Loyola Brandão, as ongueiras Viviane Senna e Maria Alice Setúbal, o apresentador Serginho Groisman, o padre Julio Lancelotti, os empresários Pedro Herz e Facundo Guerra, o chef Rodrigo Oliveira e muitos outros paulistanos comprometidos, como nós, com o desenvolvimento e o sucesso dessa cidade, apresentaram suas propostas à equipe, liderada pelo editor Daniel Salles e pela repórter Fernanda Nascimento.

Um dos desenhos de Marcelo Cipis que ilustram a reportagem 

Apareceu de tudo. Enterrar os fios elétricos, transformar o minhocão em parque, criar um bulevar na Rua Augusta, instalar pedágio urbano nas vias de tráfego pesado, equipar os pátios das escolas públicas com sistema de som para tocar música clássica e MPB, criar salas para consumo seguro de crack, transformar a Virada Cultural num evento semanal e itinerante (cada vez num distrito), mudar o sambódromo de lugar para ampliar o Anhembi, criar parques lineares nas margens de todos os rios e córregos, e até converter os cemitérios em parques, transferindo os túmulos para outros locais. O pai de cada ideia? Não conto. Também não revelo as outras 40 que apareceram. Estão todas na revista – e também na versão para iPad, que pode ser baixada gratuitamente clicando aqui.

Na última sexta-feira, um dia antes de a revista chegar às bancas, almocei com um dos colaboradores da pauta, o Eugênio Bucci, e tive a oportunidade de mostrar a ele, em primeira mão, um boneco da matéria. Ele demonstrou grande entusiasmo, dizendo não se lembrar de ter visto uma matéria desse tipo antes e vaticinando boa repercussão. "Vocês montaram um verdadeiro plano de governo", ele disse. "Se um dos candidatos se comprometesse a adotá-lo, tenho certeza de que faria um excelente governo." Horas antes, eu notara uma recepção semelhante ao dar uma breve entrevista sobre o assunto para o programa CBN São Paulo, apresentado pela Fabíola Cidral na rádio CBN. Propostas como essa, na revista ou no rádio, costumam ter o maravilhoso condão de trazer os leitores e os ouvintes (eleitores de modo geral) para perto do debate, e convidá-los a também apresentar propostas, sugestões, ideias, pedidos. Seja por mais ciclovias ou por menos buracos nas calçadas. Por mais policiamento nas ruas ou menos cargos comissionados na administração municipal. A cidade é nossa. E cabe a nós a conduzirmos, muito mais do que sermos conduzidos (como bem conclama o lema gravado, em latim, no escudo do município). Isso depois de descobrir qual é o candidato que adora música eletrônica, qual já foi centro-avante do Botafogo e qual não dorme sem jogar uma partidinha de paciência no iPhone. Tá tudo lá. Boa leitura.

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