sábado, 5 de maio de 2012

Parece que foi... há quatro anos

Maio de 2008. Uma nova revista chega às bancas de São Paulo.


Eu tinha 28 anos na ocasião. Havia entrado na Editora Globo em janeiro para me somar à equipe que, desde dezembro do ano anterior, se aventurava a criar uma revista de cidades diferente das outras. Ela seria mensal, como as americanas Los Angeles e Chicago. Ela teria lombada quadrada, como as melhores mensais. Ela teria matérias grandes, algumas com mais de 20 páginas. Ela adotaria um projeto gráfico ousado, com excelente papel, fotos muito bem cuidadas, abres impactantes. E, não bastasse tudo isso, ela seria distribuída gratuitamente com a Época, uma vez por mês.

Entre janeiro e abril, levamos quase quatro meses para montar a primeira edição (a capa está reproduzida acima). Época SÃO PAULO surgiu parruda, com uma reportagem especial sobre o que há de mais apaixonante nessa supercidade, modelo que voltaríamos a adotar nos anos seguintes, sempre nas edições de maio. No texto que apresenta a primeira edição aos leitores, nosso então diretor editorial Paulo Nogueira se arrisca a resumir o dinamismo da metrópole e a interpretar o desafio que nossa equipe assumia a cada parágrafo escrito, a cada caderno diagramado:
"São Paulo é uma cidade cosmopolita. Sofisticada. Inovadora. Inquieta. Excitante. Empreendedora. Exigente. Orgulhosa. Ousada. Petulante. Poética. Intimidadora no primeiro olhar das pessoas de fora, mas acolhedora no segundo. Podia ser mais bonita, é verdade, mas há algo de majestoso até na estética desajeitada de São Paulo. Imagine que você tivesse que fazer uma revista que expressasse tamanha quantidade de atributos. Talvez você sentisse o mesmo frio no estômago que se apossou, nos primeiros momentos, dos jornalistas que você vê, agora, felizes."
Sorríamos na foto que acompanhava suas palavras.


Quatro anos depois, agora como editor, percebo que, entre todas as pessoas que aparecem na foto acima, sou o único que continua na Época SÃO PAULO. Os 20 colegas que dividiram comigo as agruras e o entusiasmo de tirar o primeiro exemplar do forno, quatro anos atrás, alçaram diferentes voos e estão por aí, deixando suas marcas em outras publicações. Algumas bem perto da gente, é verdade. O Maron, esse cara de preto no centro da foto, foi o primeiro diretor de redação da EpocaSP e hoje é diretor de inovação digital da Editora Globo. A Carla, de vestido azul à esquerda dele, virou redatora-chefe da Marie Claire. A Nathalia, o segundo rosto da esquerda para a direita, agora é repórter da Época. Os outros estão por aí. Espalhados. Como São Paulo. 

A coisa boa de permanecer, como um "highlander" anacrônico, é poder conferir, de dentro, a magia da renovação, da reinvenção, da inovação, tudo misturado, que cada novo ciclo exige. Uma revista, para funcionar, tem de ser como um rio: ele é sempre o mesmo, mas as águas são sempre outras. Novidade, é esse o ingrediente de todo jornalismo. Notícia e novidade têm o mesmo radical etimológico, e é natural que seja assim. Quando deixarmos de nos renovar, de oferecer notícias e novidades, desconfie. Reclame. Troque de revista. E faça o mesmo com São Paulo. Quando a cidade deixar de surpreender, de criar notícias e novidades, caia fora. Por enquanto, não corremos esse risco. 



Nossa edição de aniversário, publicada hoje, é indício de que novidades não faltam. Tem gente nova na equipe, seções novas ao longo das páginas, logo novo, tipologia nova, design novo do começo ao fim, e 101 novas razões para amar São Paulo. Porque aqui é assim: até o amor a gente renova, inova, reinventa. Não por acaso, o tema principal da nossa reportagem de capa é inovação. As novas ideias paulistanas. Algumas delas, para ser exato, porque nenhuma revista conseguiria encadernar o vasto arsenal de ideias que surgem a cada dia. Entre tantas novidades, tem uma coisa nessa edição que é velha, lugar-comum dos mais descarados, que continua igualzinha há quatro anos - e que a gente faz questão que continue assim: nosso empenho em fazer a melhor e mais bonita revista de cidades do Brasil. Boa leitura! Que você se divirta lendo como nós nos divertimos fazendo. 

Um comentário:

  1. Admiro sua forma de escrita, admiro o seu trabalho Camilo.
    Francisco Silva

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