domingo, 19 de setembro de 2010

Notas sobre uma semana que já deu

1- De acordo com o laudo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ganhei uma "esofagite não erosiva distal" e uma "gastrite erosiva de antro de leve intensidade". As duas devem ser contagiosas. Mantenham distância segura.

2- Em mês de estreia, sem coquetel nem coletiva de imprensa, fechei 27 páginas da revista. Falta uma. Apenas uma. E ainda não consigo entender por que estou aqui jogando conversa fora, quando poderia estar honrando esta dívida.

3- Por falar em dívida, me disseram que eu teria um aumento a partir do próximo dia primeiro. Como temos um adiantamento de salário todo dia 20, com 40% do valor total, corri para ver quanto pintaria na minha conta nesta segunda. Entusiasmo interrompido às pressas: o dinheirinho é o mesmo de sempre. Descobri que os aumentos não respeitam adiantamentos.

4- Em tempos de Ti-ti-ti, há um jornalista meio maluco, meio mitônomo, meio ressentido e meio paranóico escrevendo um monte de picuinhas em seu blog. Supera em intrigas e paixão muitas das melhores novelas. E, como as novelas, parecem inspiradas na realidade. Apenas inspiradas.

5- Não, não é a mim que me referi no item anterior - embora admita que eu também tenha meu lado meio maluco, meio mitônomo, meio ressentido e meio paranóico.

6- Por falar nisso, nesta sexta-feira uma amiga me fez um elogio no trabalho e eu tomei como crítica. Na hora, emburrei, sentindo-me desautorizado. Foi um alívio quando ela me explicou que havia sido um elogio. No dia seguinte, li no Quiroga: "Comunicar-se não é o mesmo que comunicar. Quando você se comunica, leva em conta que há outra pessoa à sua frente e se dispõe a ouvi-la. Quando você comunica, você torna irrelevante haver um ser humano à sua frente." Foi como um deja vu. Lembrei as aulas da faculdade, quando discorríamos sobre emissor e receptor, e sobre os ruídos que podem ocorrer no processo de comunicação, fazendo com que o receptor não entenda a mensagem da mesma maneira como o emissor a pensou. E nós, dois comunicadores profissionais, que se gostam e se respeitam, fomos vítimas disso.

7- Também lembrei um conto que li quando criança, engraçadíssimo, no qual um americano interessado em comprar uma propriedade bucólica na Inglaterra, após visitar o casarão, envia uma carta ao proprietário pedindo mais informações a cerca do WC. Como WC é expressão americana, pouco usada na Inglaterra (ou vice-versa, sei lá), o proprietário conclui que o candidato a comprador se refere à "white chapel", a capela. Em sua resposta, surge uma descrição bastante detalhada do ambiente, com frases como "tem lugar para 40 pessoas sentadas e 80 em pé", "fica a apenas cem metros da casa" e "tudo o que é recolhido ali é encaminhado a instituições de caridade". Eu me divertia horrores tentando imaginar um banheiro com essas qualidades todas. E nem podia imaginar que, um dia, entenderia o que são ruídos na comunicação lembrando corriqueiramente daquele conto. Infelizmente, não faço ideia de quem seja o autor.

8- Tenho reatado conversas com colegas que não vejo há algum tempo. Sinto-me feliz por saber que há pessoas que eu admiro querendo colaborar com a revista, entusiasmadas e dispostas. Principalmente quando recebo e-mails de jornalistas que eu nem sequer conheço, empregados em outras redações, também interessados em frilar, se candidatar a vagas, tomar um café. O bom jornalismo ultrapassa as fronteiras entre as empresas, as editoras, os jornais. Quem pensa nessas barreiras o tempo todo, por razões óbvias, são os donos dos veículos. Nós, jornalistas, poderemos ser colegas amanhã, ou concorrentes na semana que vem. E criar esse respeito, esse trânsito, essa comunidade, é algo que me desafia e me fascina.

9- Lugar de repórter é na rua, aprendi com meus mestres. Lugar de editor, infelizmente, não é. Só na sexta-feira, passei 16 horas sentado, olhando para o computador. Parece que terei de retomar as sessões semanais de RPG...

10- Fiquei com orgulho da equipe com a qual trabalho. Não é a primeira vez, é claro, mas agora o meu trabalho passou a depender do trabalho deles como nunca. O Edu, junto com a Thais, conseguiu organizar um caloroso debate com a presença de todos os diretores dos seis colégios paulistanos melhor colocados na mais recente edição do Enem. A Andrezza e o Luiz, já atolados em outras matérias, pararam tudo o que faziam para transcrever, por duas tardes inteiras, quase três horas de gravação. A Nath teve de administrar momentos intensos de indecisões e reviravoltas profissionais sem deixar a peteca cair, trazendo soluções e acompanhando fotos de última hora com um engajamento irrecusável. O Fernando bolou infográficos, questionou abordagens e foi buscar fontes tipográficas diferentes para deixar as páginas mais interessantes. A Darlene testou diversas opções de abre até encontrar a melhor solução, muito parecida com sua primeira sugestão. Preciso comer mais feijão pra ser digno dessa gente e, quem sabe, conseguir que eles também tenham orgulho de mim.

11- Comprei passagens para ir a Brasília no feriado de Finados. Saudade do Chico, meu cumpádi, e da Flora, afilhada querida. E vou aproveitar para, finalmente, conhecer o apartamento do papai. Passei todos esses anos sem ir conhecer e, agora, ele já está praticamente com as malas prontas para voltar. Além disso, soube que existe a possibilidade de Chico, Carol, Flora e Antonio se mudarem para a Bahia. No ano que vem, quem sabe, minha visitinha será a uma cidade muito mais agradável, com "coqueiro, brisa e fala nordestina, e faróis".

12- Achei "Marvada Carne" para comprar. Depois de assistir ao novo filme do André Klotzel, o "Reflexões de um Liquidificador", fiquei interessado em rever as impagáveis atuações de Fernanda Torres e Regina Casé, naquele que é o filme nacional que mais me diverte e entusiasma. Mundo véio sem portêra...

13- Hoje não vou falar de eleição nem de futebol. Deu pra entender? Ô raça!

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