As
melhores equipes estão sempre em mutação. É preciso substituir quadros, adquirir
novos talentos, promover a alternância de poder. É preciso, também, reconhecer
quando a casa ficou pequena demais para quem merece alçar voos mais altos – e,
nesses casos, há que se resignar com a perda inevitável, um pouco como os pais
que veem o ninho vazio após a partida dos filhos. A regra é clara. Vale para o
futebol, vale para o mundo da política, e vale também para o jornalismo. As
redações, diferentemente dos diamantes, não são eternas. Nem as mais preciosas
delas.
Nesse
fim de tarde de sexta-feira, véspera de Carnaval no Brasil – e também no
Jaguaré, onde fica a redação da Época SÃO PAULO – misturo saudade e carinho
para escrever esse post (sobre times que mudam, sobre diamantes que se vão). A
partir da próxima quinta-feira, dois repórteres-artilheiros terão alçado seus voos.
Deixarão vazias as cadeiras à minha esquerda e à minha frente. Os dois me
acompanham desde minha estreia como editor, em setembro de 2011, e me ajudaram
a construir o pouco que sei sobre gestão de pessoas e coordenação de equipe.
Antes disso, Eduardo já era repórter da revista, meu colega de apuração e
escrita. Rafael veio de quatro anos na Época NEGÓCIOS para a vaga que eu
ocupava antes de assumir a edição. Nosso time, enxuto e inquieto, se completava
com Nathalia, integrante mais antiga da revista, aonde chegou como estagiária,
antes de sair o primeiro número. Desde então, todos crescemos. Aprendemos. Criamos.
Fizemos o que é natural a todas as pessoas: não terminadas, elas afinam e
desafinam, como nos contou Guimarães Rosa.
Vizinha
de mesa por tantos anos, Nathalia foi a primeira grande baixa, em outubro
passado. Voou em direção à editoria de comportamento da Época, cheia de planos
de fazer hard news e conhecer, por dentro, o ritmo de uma revista semanal.
Nesta semana, saíram os outros dois. Eduardo recebeu um convite generoso do
Meio&Mensagem. Rafael, que recentemente fora promovido a editor assistente,
vai cobrir tecnologia na Época. Minha satisfação é saber que todos tiveram seus
trabalhos valorizados e reconhecidos. Selecionados, como foram, num mercado tão
disputado como é o nosso, partem com a altivez e a paz de espírito de terem
combatido um bom combate, com ânimo renovado para combater muitos outros. O
sabor da vitória também é meu. Se nossa revista serviu de vitrine, reivindico
solenemente um quinhão desse bom resultado amealhado (um quinhão miúdo, voilá, uma
“caixinha” de 10%...).
O
baque virá aos poucos. Na próxima quinta-feira, vou estranhar as ausências. A
ausência do Edu será a ausência de suas risadas, de seu pescoço esticado para
conseguir me olhar de trás de seu PC, a ausência de sua aflição às vésperas do
fechamento, com duas ou três matérias para entregar. A ausência do Rafa será a
ausência de sua agitação, de seu tom de voz elevado (com um persistente sotaque
carioca), das sugestões de pauta que ele me apresentava, incansável, duas ou
três vezes por dia, da sua saudável disposição para aprender coisas novas o
tempo todo.
Dizem
que é um ciclo que se fecha. Eu digo que os ciclos não fecham. Eles se sucedem,
e se tangenciam, e se entrelaçam, como argolas de uma corrente – ou como um
espiral. Veio a Denise, em dezembro, para a vaga da Nathalia, com o entusiasmo de
quem já namorava a Época SÃO PAULO, à distância, há mais de um ano e meio. É
dela metade da matéria de capa da nossa próxima edição, que sai no dia 25. Já
nos próximos dias, aporta por aqui a Fernanda, sangue novo na Editora Globo,
ex-Veja online. E logo completaremos o time, com novos atletas,
aquecidos e preparados para a próxima temporada. Estarei por aqui quando essa
nova leva também alçar voo, deixando carinho e saudade?
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