quinta-feira, 11 de novembro de 2010
O resultado do Jabuti segundo o Estadão
Indignado, corri para o Twitter e compartilhei minha indignação. Ao chegar ao trabalho, um amigo veio puxar minha orelha. Deixou sobre minha mesa o mesmo recorte, com quatro linhas grifadas, exatamente para mostrar que eu estava louco: Maria Rita Kehl havia sido, sim, mencionada na reportagem.
Assim é o cotidiano no jornalismo diário. Há a primeira tiragem, a segunda tiragem... Minha indignação permanece. Por algum motivo, o redator optara por escrever sua matéria sem citar Maria Rita, muito embora já soubesse de sua conquista ao fechar a matéria publicada no jornal que recebi em casa, fechado às 23h45 segundo inscrição impressa na primeira página. Mais tarde, por ter sido advertido ou simplesmente por ter se dado conta do absurdo do deslize, fez a alteração e incluiu Maria Rita na edição que chegou às mãos do meu amigo, impressa às 0h30 conforme registro. Menos mal. Pior seria se a primeira versão tivesse vindo com a menção à autora e a segunda, sem. De uma forma ou de outra, parabéns a Maria Rita Kehl pela coerência, pela ousadia, pela qualidade do trabalho que desempenha e pelo livro, que eu ainda não li, mas já aprovei.
domingo, 7 de novembro de 2010
Vá de táxi
Juntos, os dois vídeos foram publicados no Youtube na quinta-feira 4. Na mesma tarde, se alastraram pelo Twitter, foram retuitados por Marco Luque, do CQC, para seus mais de 1 milhão e 300 mil seguidores, renderam matéria no Kibeloco e abriram caminho para que, na manhã do dia seguinte, ainda em alta, os vídeos ocupasses os dois primeiros lugares no topo da homepage do próprio Youtube. Ganharam um lugarzinho no Bombou na Web e, no momento em que escrevo, preparam-se para atingir, juntos, 850 mil acessos. Tudo isso em menos de quatro dias.
Para quem ouviu a sugestão de pauta de Rodrigo Pereira, conversou sobre ela com Ricardo Alexandre e ainda se lembra de ter ouvido dúvidas de colegas quanto à conveniência de publicá-la na capa, uma vez que todos nós nos recordávamos de ler matérias semelhantes em outros jornais e revistas, a sensação de dever cumprido é gratificadora. Imagino que também esteja sendo gratificadora para a Nathalia, a maior responsável pelo sucesso da aventura (sim, reportagens como essa têm um sabor de aventura que só aqueles que dedicam suas vidas a buscar e relatar as melhores histórias são capazes de entender).
Nath é uma das repórteres mais destemidas que eu conheço. Aos 24 anos, magra e de baixa estatura, com uma aparência meiga e de amplo sorriso ao primeiro contato, a moça sobe nos tamancos à busca da notícia e não hesita em trocar o sono por mais algumas horas de apuração quando vislumbra informações fresquinhas no horizonte. Uma palavra antiga e completamente fora de uso é boa para qualificar sua postura no trabalho: azougue. Ao longo de três semanas, ela visitou mais de trinta estabelecimentos comerciais, entre bares, restaurantes e baladas, para testar o atendimento feito pelos manobristas. Procurou advogados e representantes de classe para reunir informações sobre o setor, compilar estatísticas e entender o que as empresas podem e o que elas não podem fazer. Torcíamos juntos. Quando ela me ligava ou mandava um torpedo da rua dizendo que o carro havia sido levado para um estacionamento, lamentávamos, subvertendo o pensamento normal do cliente cuidadoso.
Estranha raça a de jornalistas, sempre querendo desgraça, sangue, confusão! Passei três semanas torcendo para que o carro conduzido pelos manobristas visitados parasse na rua, levasse multa, fosse amassado e até roubado. Ficava imaginando o que os funcionários da empresa diriam ao constatar que o carro, deixado por eles junto ao meio-fio em um local ermo a três quarteirões do estabelecimento comercial, simplesmente desaparecesse. A repórter ficava especialmente irritada quando via dezenas de carro sendo estacionados na rua, e até recebendo multa de uma agente da CET, e na hora de testarmos o nosso carro era estacionado tranquilamente em um estacionamento. Por que diabos tinha que dar errado justamente com a gente? Dar errado, no nosso caso, era cumprir a lei. Dar certo era flagrar uma infração. Estranho, não?
Quando Nath me contou que até no Figueira Rubaiyat o carro ficava na rua, exultei. Caramba, um casal gasta mais de R$ 300 para jantar ali e os caras não têm sequer a decência de guardar num estacionamento? Minha alegria de editor que percebe um grande texto em construção só não foi maior do que na hora em que ela me contou que um manobrista havia jogado o carro sobre a calçada para desviar de outro veículo e danificara uma calota dianteira com a barbeiragem. Pronto, já não tínhamos do que reclamar. A destemida repórter havia conseguido flagrar um belo cardápio de deslizes e incorreções.
Um dos carros usados na reportagem, aliás, é meu. Justamente o que teve a calota danificada. Não vou entrar em detalhes sobre o que mais aconteceu com ele, inclusive com a destemida repórter ao volante. Até o estagiário teve a oportunidade de guiá-lo durante a apuração da matéria. Dia desses, a Nath postou no Facebook alguma coisa como "quantas pessoas não gostariam de ter a chance de usar o carro do chefe". No meu caso, acho que não teve muita graça para ela. Seria melhor se fosse um Audi, um Toyota, ou pelo menos um Honda, diz aí! E certamente seria muito mais legal se o chefe dela fosse mais apegado ao carro, daqueles homens que curtem ler e discutir sobre motores e modelos, e que passam longos minutos todos os domingos encerando a lataria. Para mim, carro é um meio de transporte - e digo isso mesmo correndo o risco de ter de pagar três anos de terapia para meu Corsa.
Em tempo: já coloquei WD na porta do carango. O rangido registrado ao longo do vídeo toda vez que a porta abria ou fechava já estava dando nos meus nervos.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Em Brasília, uma outra perspectiva




segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O aborto e o retrocesso


domingo, 3 de outubro de 2010
Onda verde

Dois pesos...


segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O editorial do Estadão

domingo, 19 de setembro de 2010
Notas sobre uma semana que já deu

domingo, 12 de setembro de 2010
O Tempo

quinta-feira, 9 de setembro de 2010
O direito à comunicação
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Um giro pela Liverpool Paulistana

Minha Pompéia foi ficando cada vez maior. Bares, restaurantes, lojas, cantinhos foram se somando ao meu tímido repertório e, aos poucos, fui conhecendo a vila até tomar gosto por andar a pé por suas ladeiras. No mês passado, a revista pediu que eu fizesse um "Vá a pé" no bairro. "Vá a pé" é uma seção da Época São Paulo na qual sugerimos um roteiro, cada edição em um bairro diferente, e convidamos os leitores a conhecer cerca de dez estabelecimentos, sejam eles gastronômicos, turísticos ou comerciais, em um percurso que costuma variar entre dois e cinco quilômetros: coisa para se fazer numa agradável tarde de sábado, sem histeria de relógio. Acabei descobrindo que a Pompéia, já apelidada de "Suíça Brasileira" e de "Liverpool Paulistana", completa 100 anos agora em outubro. E confirmei, mais uma vez, meu imenso prazer em viver por essas ruas.
Convido você a conferir o mapa criado por Daniel das Neves e descobrir algumas das jóias do bairro clicando aqui.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
N.D.A.

A moça do Snug Harbor

terça-feira, 17 de agosto de 2010
12 anos

É bom ter você comigo, já lhe disse. E poder reafirmar, hoje e sempre, aquele "sim".
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Feijão com Lady Gaga

Estive pela primeira vez em Chicago em 2001, salvo engano, ao desdobrar uma passagem de volta de Detroit, onde cobrira uma feira de ciência e tecnologia para a revista ISTOÉ. Especialmente interessado em arquitetura na ocasião, dediquei meu único dia na cidade a percorrer os primeiros edifícios com mais de doze pavimentos do mundo, construídos nos anos 1880 e 1890 (após o grande incêndio que destruiu Chicago em 1871). Lembro de ter encerrado aquela tarde no 103- andar da Sears Tower, quando ela ainda perdia para o World Trade Center o título de maior edifício das Américas. Voltei agora, apenas para parabenizar a nova campeã.

Dessa vez, no entanto, não foi a arquitetura dos edifícios que chamou minha atenção, mas os maravilhosos monumentos e o invejável paisagismo do Grant Park, implantado à beira do Lago Michigan. Como uma espécie de Central Park, ou um Ibirapuera de Chicago, o parque reúne os principais museus da cidade, dezenas de barracas de cachorro quente e, nos fins de semana, famílias, casais de namorados e grupos de amigos ao redor de generosas cestas de piquenique. A porção mais ao norte, denominada Millennium Park, ainda não existia em 2001. Tampouco o Cloud Gate, a enorme escultura de alumínio em forma de feijão que reflete todo o skyline da Avenida Michigan e a nós mesmos em um jogo de imagens distorcidas, lúdicas e fascinantes.

O “bean” me arrebatou por quase trinta minutos e me fez ficar com raiva por estar sem a câmera. Voltei com ela à noite e ainda quis ir de novo, na manhã seguinte.

Esse turista que olha para cima no canto direito da foto abaixo sou eu, brincando de tirar fotos de mim mesmo.

Na sexta-feira, perto da hora do almoço, estranhei o intenso movimento de adolescentes nos arredores do Grant Park. Grupos enormes rumavam para lá, os rapazes de regatas e as garotas com shorts curtíssimos, quase sempre com garrafas de água nas mãos. Trânsito impedido, marronzinhos com apito na boca, cambistas vendendo ingresso, um som vindo lá do meio do gramado. Só então, tratei de me informar. Descobri que, de sexta a domingo, haveria ali um festival chamado Lollapalooza, que acontece todos os anos. O “Chicago Tribune” trazia o mapa dos oito palcos e a lista das atrações com os respectivos horários. Em um deles, a última atração da noite de sexta (começando às 20h, o que nos padrões brasileiros é quase uma temeridade) seria o fenômeno pop Lady Gaga. Simultaneamente, outro palco seria ocupado pelos Strokes. No sábado, os veteranos do Green Day. Explicava-se, assim, a profusão de camisetas regatas e shorts curtíssimos.

Como minha vibe era outra, aproveitei a mesma noite de sexta, a última das quatro que passei na cidade, para fechar com chave de ouro meu périplo pela terra do blues e do jazz. Por volta das sete, cheguei com minha irmã Maíra ao Buddy Guy’s Legends, casa de blues de propriedade do próprio Buddy Guy, onde esse monstro do blues moderno costuma dar uma canja de vez em quando. Ficamos pouco mais de uma hora ali, bebendo uma cerveja regional ao som de uma dupla de guitarra e teclado, até outra irmã, a Luanda, chegar. De lá, seguimos em direção ao Andy’s, uma casa de jazz com décadas de história, e jantamos ao som de um ótimo quinteto de fusion, formado por teclado, baixo (elétrico), bateria, trompete e trombone e liderado pelo trompetista Corey Wilkes. Finalmente, rumei sozinho para o Green Mills a uma hora da manhã, empenhando um restinho de energia em favor da obrigação de conferir de dentro a decoração da mais tradicional casa de jazz de Chicago, onde a turma de Al Capone costumava se reunir quando minha avó era uma mocinha. Piano, baixo, bateria e sax derramavam seu free jazz cheio de citações de bop e cool enquanto eu derramava uma pint de Guiness junto ao balcão.
O cenário do Green Mill não nega os filmes de gângsters: móveis de madeira de lei, fixos no chão, com estofado de veludo verde musgo, duas ou três colunas no meio do salão impedindo uma visão integral da banda e os impagáveis sofás em meia-lua junto à parede, onde se acomodam quatro ou cinco pessoas ao redor da mesa. E o balcão, um enorme aparador de madeira que se estende desde a entrada até vencer dois terços da casa, servido por um ex-hippie tatuado e uma mulher enorme, recém-saída de um western americano. Ao meu lado, quando minha pint já estava meio vazia (ou meio cheia, a contar pelo meu ótimo humor), sentou-se um deficiente visual, idoso, negro, de muleta na mão e óculos escuros, trazido até a banqueta por um funcionário da casa. Pediu birita à matrona do bar com jeito de habitué, possivelmente um velho músico de jazz que, um dia, soprou seu trompete ou dedilhou seu piano naquele mesmo palco. Só faltou levar a câmera.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Hurricane City














domingo, 25 de julho de 2010
Isso é jazz
Sempre gostei desse filme. Ontem, o assisti pela quarta vez. Seu significado foi mais intenso agora porque amanhã, veja você, embarco para os Estados Unidos a fim de cumprir a rota do jazz. Vou passar quatro dias em New Orleans, dois dias em Memphis e outros quatro em Chicago, disposto a ouvir o máximo de trompetes, saxofones e pianos que conseguir. Quarta-feira à tarde, estarei caminhando pela Bourbon Street. Conhecerei o French Market, provarei do autêntico tempero cajun. Ouvi dizer que Ellis Marsalis toca toda quinta em um espaço para 90 pessoas e já fiquei com os dedos coçando (essa costuma ser minha reação psico-somática em momentos de ansiedade ou entusiasmo).
Farei uma viagem em família. Meu pai completou 60 anos há pouco tempo e, entre promover uma festa para 300 pessoas e investir uma grana preta em um porsche, uma harley ou qualquer outro desses brinquedinhos que costumam seduzir homens de meia idade, optou por convidar a mulher e os quatro filhos para dar um passeio. Fiz as contas e percebi que a última vez que viajei com meu pai e minhas irmãs foi há 13 anos. Ainda tenho as fotos daquele janeiro, no qual minha cabeça estava careca por conta do vestibular. Definitivamente, esta será uma experiência e tanto.
É provável que eu deixe de lado a blogosfera durante a jornada. Será algo inevitável. Estarei certamente muito ocupado entre a música e o Mississippi. "The moonlight on the bayou, a creole tune that fills the air...", como na letra da belíssima Do you know what it means to miss New Orleans.
All I ask you in this moment is... torça por mim! A gente se fala na minha volta, daqui a duas semanas. Oh, yeah!
sábado, 10 de julho de 2010
Como nasceu o Morumbi






