O poeta está triste.
Tira a roupa, melancólico.
Veste o pijama, cabisbaixo.
Deita macambúzio.
Não há ninguém ali.
Solitário em sua cama,
pela primeira vez em tantos anos,
o poeta se encolhe.
No vazio do quarto,
em sua cama devoluta,
convida seus fantasmas
para virem deitar com ele.
Fantasma de poeta é bicho esquisito:
rouba todo o edredon,
acomoda-se em diagonal,
fala enquanto dorme...
chega a compor estrofes,
em versos metrificados,
entre um suspiro e outro.
Mas não ronca.
Cercado de fantasmas,
o poeta perde o sono.
De olhos mareados,
o poeta perde a calma,
Sozinho em sua cama,
o poeta perde a fé.
Levanta, sem fazer barulho,
fecha a porta em silêncio,
toma um copo d’água
e se estende no sofá.
O sofá também está vazio.
Repleto de fantasmas.
Nossa! Du caralho! Gostei.
ResponderExcluirlindo de doer.
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