terça-feira, 29 de junho de 2010

Essa aí é a vovó


Dois meses sem publicar no blog. Dois meses inteiros! É claro que eu poderia inserir aqui um rol de justificativas e explicações, das quais a única razoável é a de que toda minha atenção foi deslocada para meu outro blog, o #CentroAvante (www.blogcentroavante.com.br), lançado há exatos dois meses para ser uma central de notícias, relatos e sensações sobre o Centro de São Paulo. Mas não vou perder tempo com isso. Vim aqui hoje para falar da minha avó, a moça da foto abaixo.


Vó Iáia fez aniversário no comecinho do mês. Oitenta e "uns", como sugere a vela solitária no centro do bolo. Como ninguém se lembrou de comprar vela (êta, família desatenta!), o jeito foi encontrar uma saída quase-honrosa e reciclar o oito cor-de-rosa que ficou perdido em alguma gaveta após um aniversário qualquer, de 82, 83 ou 84 anos. Tá, vou entregar: ela fez 86 anos no dia 6 de junho. E eu, um neto dos mais relapsos e ausentes, aproveitei o feriado prolongado de Corpus Christi para fazer minha visita anual a Taquaritinga e, sorte a minha, participar da festa.


Vó Iáia nasceu Jacyra em 1924. Quando revelo a idade dela, costumo ouvir a mesma pergunta em troca: "ainda lúcida?", o povo quer saber. Confesso que até eu me surpreendo com a lucidez dela. Um pouco mais teimosa do que anos atrás, devo confessar, mas ainda com a memória intacta. Aliás, as duas memórias, a recente e a distante. Coisa de fazer inveja em pessoas como eu, que esquecem o que comeu no almoço antes da hora do jantar. "Benza-Deus", seria uma expressão adequada se eu fosse escolher uma das muitas interjeições usadas por Vó Iáia.


Paulistana da Lapa, ela gosta de contar de quando seu pai servia no quartel de Osasco, do trem que passava por Presidente Altino, de como era a Rua 12 de Outubro nos anos 1930 e das vezes em que ia para a "cidade" fazer compras. Ainda menina, mudou-se para Taquaritinga por conta do pai, que foi assumir sabe-se lá que função na hierarquia do exército. Tudo que eu sei do Carlão, o pai da vovó, é que ele, aposentado, virou regente da banda militar que tocava no coreto da cidade quando eu era bebê. Eu devia ter uns três anos quando ele morreu. Em Taquaritinga, vovó conheceu o vovô Reynaldo, que era fotógrafo e abriria o primeiro "photo studio" de lá. Ou seja: retratista de documentos e de dez em cada dez casamentos que aconteciam na cidade. Reinaldinho nasceu em 1945, mamãe em 1949 e Ana em 1959, creio eu.

Ir ao aniversário de 86 anos da vó é uma ótima oportunidade para a gente lembrar o quanto de história vem carreada na nossa família, na vida da gente.